E quem quiser contribuir, mandando inclusive textos, é só me contactar. Comentários, é claro, serão bem-vindos - quem quiser polemizar, discutir, brigar, também pode: só não prometo continuar no tema, pois o tempo nem sempre existe, nem tudo vale a pena mergulhar fundo e os assuntos são muitos.

Ah! Para quem não me conhece, posso me definir como um ATIVISTA CULTURAL BRASILEIRO – adotando definição dada pela jornalista Beatriz Wagner (obrigado, Bea!) durante o Brazil Film Festival de Sydney, em outubro de 2009. Sou de São Paulo, capital, mas moro em Sydney, Austrália desde o final de 1980. Além de ser ou gostar de ser um ativista cultural, ou como parte disso, faço música, cinema, escrevo, trabalho como guia de turismo multilíngüe (em português, inglês, espanhol e italiano) viajando por toda a Austrália, faço traduções, dou aulas de violão, português e inglês, entre outras coisas – e sou formado em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie (SP) sem ter exercido a profissão.

domingo, maio 16, 2010

PRA QUEM NÃO CONHECE GRAFITE...

Grafite marcou o  golaço na goleada por 5 a 1 do Wolfsburg sobre o Bayern de Munique

Grafite marcou um golaço na goleada por 5 a 1 do Wolfsburg sobre o Bayern de Munique em 2009.

Torcedores do Wolfsburg, da Alemanha, elegeram esse gol do brasileiro Grafite, ex-São Paulo, como o mais bonito da história do clube, em uma votação pela internet.

O atacante marcou o golaço no dia 4 de abril de 2009, nos 5 a 1 da equipe sobre o Bayern de Munique, pelo Campeonato Alemão.

No lance, Grafite recebeu a bola pela esquerda, driblou a zaga inteira do adversário e, em seguida, deu um leve toque de calcanhar que passou por dois jogadores, com o goleiro já vencido, marcando um lindo gol.

“É um gol que eu nunca vou me esquecer. Entrar para a história do clube é muito gratificante. Foi um belo gol", afirmou o jogador.

Tomara que marque vários nessa copa e que ajude muito o Brasil a ser hexacampeão.

Vejam só que golaço incrível:

http://www.youtube.com/watch?v=e8eLSpDa_1E

e aqui (mais extenso e em diferentes ângulos):

http://www.youtube.com/watch?v=o-wrhO0M6fc&NR=1

E LÁ VEM A COPA DO MUNDO, E AQUI VEM O FUTEBOL


Confira a lista dos convocados por Dunga para a Copa do Mundo:

Goleiros: Júlio César (Internazionale-ITA), Gomes (Tottenham-ING) e Doni (Roma-ITA)

Laterais: Maicon (Internazionale-ITA), Daniel Alves (Barcelona), Michel Bastos (Lyon-FRA) e Gilberto (Cruzeiro)

Zagueiros: Lúcio (Internazionale-ITA), Juan (Roma-ITA), Luisão (Benfica-POR) e Thiago Silva (Milan-ITA)

Volantes: Gilberto Silva (Panathinaikos-GRE), Felipe Melo (Juventus-ITA), Josué (Wolfsburg-ALE) e Kléberson (Flamengo)

Meias: Kaká (Real Madrid-ESP), Elano (Galatasaray-TUR), Ramires (Benfica-POR) e Júlio Baptista (Roma-ITA)

Atacantes: Luís Fabiano (Sevilla-ESP), Robinho (Santos), Nilmar (Villarreal-ESP) e Grafite (Wolfsburg-ALE)

Confira a lista de espera da seleção brasileira:

Alex (Chelsea); Marcelo (Real Madrid); Sandro (Internacional)
Paulo Henrique Ganso (Santos)
Ronaldinho Gaúcho (Milan)
Carlos Eduardo (Hoffenheim)
Diego Tardelli (Atlético-MG)

quarta-feira, maio 05, 2010

LULA - o lider mais influente do planeta, segundo o Time Magazine

Luiz Inácio Lula da Silva

Marco Grob for TIME

When Brazilians first elected Luiz Inácio Lula da Silva President in 2002, the country's robber barons nervously checked the fuel gauges on their private jets. They had turned Brazil into one of the most inequitable places on earth, and now it looked like payback time. Lula, 64, was a genuine son of Latin America's working class — in fact, a founding member of the Workers' Party — who'd once been jailed for leading a strike.

By the time Lula finally won the presidency, after three failed attempts, he was a familiar figure in Brazilian national life. But what led him to politics in the first place? Was it his personal knowledge of how hard many Brazilians must work just to get by? Being forced to leave school after fifth grade to support his family? Working as a shoeshine boy? Losing part of a finger in a factory accident?

No, it was when, at age 25, he watched his wife Maria die during the eighth month of her pregnancy, along with their child, because they couldn't afford decent medical care.

There's a lesson here for the world's billionaires: let people have good health care, and they'll cause much less trouble for you.

And here's a lesson for the rest of us: the great irony of Lula's presidency — he was elected to a second term in 2006 and will serve through this year — is that even as he tries to propel Brazil into the First World with government social programs like Fome Zero (Zero Starvation), designed to end hunger, and with plans to improve the education available to members of Brazil's working class, the U.S. looks more like the old Third World every day.

What Lula wants for Brazil is what we used to call the American Dream. We in the U.S., by contrast, where the richest 1% now own more financial wealth than the bottom 95% combined, are living in a society that is fast becoming more like Brazil.


Read more: http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,1984685_1984864,00.html#ixzz0n3SufQsN

Lula, as elites e o vira-latas




É extremamente interessante que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio!

Francisco Carlos Teixeira

Seguindo outros grandes meios de comunicação globais, a revista Time escolheu – na semana passada - o presidente Lula como o líder mais influente do mundo. A notícia repercutiu em todo o mundo, sendo matéria de primeira página, no jornalão El País.

Elite e preconceito
Na verdade a matéria o apontava como o homem mais influente do mundo, posto que nem só políticos fossem alinhados na larga lista composta pelo Time. Esta não é a primeira vez que Lula merece amplo destaque na imprensa mundial. Os jornais Le Monde, de Paris, e o El País, o mais importante meio de comunicação em língua espanhola (e muito atento aos temas latino-americanos) já haviam, na virada de 2009, destacado Lula como o “homem do ano”. O inédito desta feita, com a revista Time, foi fazer uma lista, incluindo aí homens de negócios, cientistas e artistas mundialmente conhecidos. Entre os quais está o brasileiro Luis Inácio da Silva, nascido pobre e humilde em Caetés, no interior de Pernambuco, em 1945, o presidente do Brasil aparece como o mais influente de todas as personalidades globais. Por si só, dado o ponto de partida da trajetória de Lula e as deficiências de formação notórias é um fato que merece toda a atenção. No Brasil a trajetória de Lula tornou-se um símbolo contra toda a forma de exclusão e um cabal desmentido aos preconceitos culturalistas que pouco se esforçam para disfarçar o preconceito social e de classe.

É extremamente interessante, inclusive para uma sociologia das elites nacionais, que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com grande déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio sepulcral!


Lula Líder Mundial
Desde 2007 a imprensa mundial, depois de colocá-lo ao lado de líderes cubanos e nicaraguenhos num pretenso “eixinho do mal”, teve que aceitar a importância da presença de Lula nas relações internacionais e reconhecer a existência de uma personalidade original, complexa e desprovida de complexos neocoloniais. Em 2008 a Newsweek, seguida pela Forbes, admitiam Lula como um personagem de alcance mundial. O conservador Financial Times declarava, em 2009, que Lula, “com charme e habilidade política” era um dos homens que haviam moldado a primeira década do século XXI. Suas ações, em prol da paz, das negociações e dos programas de combate à pobreza eram responsáveis pela melhor atenção dada, globalmente, aos pobres e desprovidos do mundo.

Mesmo no momento da invasão do Iraque, em busca das propaladas “armas de destruição em massa”, Lula havia proposto a continuidade das negociações e declarado que a guerra contra a fome era mais importante que sustentar o complexo industrial-militar norte-americano.

Em 2010, em meio a uma polêmica bastante desinformada no Brasil – quando alguns meios de comunicação nacionais ridicularizaram as propostas de negociação para a contínua crise no Oriente Médio – o jornal israelense Haaretz – um importante meio de comunicação marcado por sua independência – denominou Lula de “profeta da paz”, destacando sua insistência em buscar soluções negociadas para a paz. Enquanto isso, boa parte da mídia brasileira, fazendo eco à extrema-direita israelense, procurava diminuir o papel do Brasil na nova ordem mundial.

Lula, talvez mesmo sem saber, utilizando-se de sua habilidade política e de seu incrível sentido de negociações, repetia, nos mais graves dossiês internacionais, a máxima de Raymond Aron: a paz se negocia com inimigos. As exigências, descabidas e mal camufladas de recusa ás negociações, sempre baseadas em imposições, foram denunciadas pelo presidente brasileiro. Idéias pré-concebidas estabelecendo a necessidade de mudar regimes para se ter a paz ou usar as baionetas para garantir a democracia foram consideradas, como sempre, desculpas para novas guerras. Lula mostrou-se, em várias das mais espinhosas crises internacionais, um negociador permanente. Foi assim na crise do golpe de Estado na Venezuela em 2002 (quando ainda era candidato) e nas demais crises sul-americanas, como na Bolívia, com o Equador e como mediador em crises entre outros países.

Lula negociador
O mais surpreendente é que o reconhecimento internacional do presidente brasileiro não traz qualquer orgulho para a elite brasileira. Ao contrário. Lula foi ridicularizado por sua política no Oriente Médio. Enquanto isso o presidente de Israel, Shimon Perez ou o Grande-Rabino daquele país solicitavam o uso do livre trânsito do presidente para intervir junto ao irascível presidente do Irã. Dizia-se aqui que Lula ofendera Israel, enquanto o Haaretz o chamava de “profeta da paz” e a Knesset (o parlamento de Israel) o aplaudia em pé. No mesmo momento o Brasil assinava importantes acordos comerciais com Israel.

Ridicularizou-se ao extremo a atuação brasileira em Honduras, sem perceber a terrível porta que se abria com um golpe militar no continente. Lula teve a firmeza e a coragem, contra a opinião pública pessimamente informada, de dizer e que “... a época de se arrancar presidentes de pijama” do palácio do governo e expulsá-los do país pertencia, definitivamente, a noite dos tempos.

Honduras teve que arcar com o peso, e os prejuízos, de sustentar uma elite empedernida, que escrevera na constituição, após anos de domínio ditatorial, que as leis, o mundo e a vida não podem ser mudados. Nem mesmo através da expressa vontade do povo! E a elite brasileira preferiu ficar ao lado dos golpistas hondurenhos e aceitar um precedente tenebroso para todo o continente.

Brasil, país no mundo!
Também se ridicularizou a abertura das relações do Brasil com o conjunto do planeta. Em oito anos abriu-se mais de sessenta novas representações no exterior, tornando o Brasil um país global. Os nostálgicos do “circuito Helena Rubinstein” – relações privilegiadas com Nova York, Londres e Paris – choraram a “proletarização” de nossas relações. Com a crise econômica global – que desmentiu os credos fundamentalistas neoliberais – a expansão do Brasil pelo mundo, os novos acordos comerciais (ao lado de um mercado interno robusto) impediram o Brasil de cair de joelhos. Outros países, atrelados ao eixo norte-atlântico e aqueles que aceitaram uma “pequena Alca”, como o México, debatem-se no fundo de suas infelicidades. Lula foi ridicularizado quando falou em “marolhinha”. Em seguida o ex-poderoso e o ex-centro anti-povos chamado FMI, declarou as medidas do governo Lula como as mais acertadas no conjunto do arsenal anti-crise.

Mais uma vez silêncio das elites brasileiras!

Lula foi considerado fomentador da preguiça e da miséria ao ampliar, recriar, e expandir ações de redistribuição de renda no país. A miséria encolheu e mais de 91 milhões de brasileiros ascenderam para vivenciar novos patamares de dignidade social... A elite disse que era apoiar o vício da preguiça, ecoando, desta feita sabendo, as ofensas coloniais sobre “nativos” preguiçosos. Era a retro-alimentação do mito da “pereza ibérica”. Uma ajuda de meio salário, temporária, merece por parte da elite um bombardeio constante. A corrupção em larga escala, dez vezes mais cara e improdutiva ao país que o Bolsa Família, e da qual a elite nacional não é estranha, nunca foi alvo de tantos ataques.

A ONU acabou escolhendo o Programa Bolsa Família como símbolo mundial do resgate dos desfavorecidos. O ultra-conservador jornal britânico The Economist o considerou um modelo de ação para todos os países tocados pela pobreza e o Le Monde como ação modelar de inclusão social.

Mais uma vez a elite nacional manteve-se em silêncio!

Em suma, quando a influente revista, sem anúncios do governo brasileiro, Time escolhe Lula como o líder mais influente do mundo, a mídia brasileira “esquece” de noticiar. Nas páginas internas, tão encolhidas como um vira-lata em dia de chuva noticia-se que Lula “... está entre os 25 lideres mais influentes do mundo”. Errado! A lista colocava Lula como “o mais” influente do mundo.

Agora se espera o silêncio da elite brasileira!

Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

quarta-feira, março 03, 2010

OSCAR NIEMEYER - também no Facebook



O governo da Espanha concedeu na sexta-feira, 6 de novembro de 2009, a Ordem das Artes e das Letras ao arquiteto Oscar Niemeyer por "sua trajetória profissional e sua contribuição à difusão internacional da cultura espanhola".

A distinção, dada pelo Conselho de Ministros seguindo a proposta da ministra da Cultura, Ángeles González-Sinde, reconhece também "a relevante influência de sua obra na configuração da arquitetura contemporânea".

A Ordem das Artes e das Letras da Espanha é uma premiação de caráter honorífico criada pelo Ministério da Cultura no ano passado, com o que se pretende reconhecer o trabalho de pessoas ou instituições que, com sua atuação em diversos âmbitos da criação, contribuam para a difusão internacional da cultura do país.

Niemeyer, hoje com 102 anos (nascido no dia 15 de dezembro de 1907), já recebeu, entre outros, o Prêmio Lenin da Paz (1963), o Prêmio Pritzker (1988), o Prêmio Príncipe de Astúrias (1989), o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (1996) e o Prêmio Unesco da Cultura (2001).

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Oscar Niemeyer tem página no Facebook.

Vale a pena ver:

http://www.facebook.com/reqs.php#!/pages/Oscar-Niemeyer/24582539622


EDU LOBO lança novo e excelente CD: leia texto de Julio Moura abaixo



EDU LOBO – TANTAS MARÉS


Novo álbum traz inéditas com Paulo César Pinheiro, recriações de parcerias com Chico Buarque e participação de Monica Salmaso

Um novo disco de Edu Lobo deve ser saudado como uma maré de sorte. Sobretudo se na corrente destas águas emergem seis composições inéditas com Paulo César Pinheiro, quatro recriações de parcerias com Chico Buarque e uma jóia com Cacaso quase esquecida no vasto e irretocável oceano de suas obras. Gravado no estúdio da Biscoito Fino, o álbum “Tantas Marés” tem produção e arranjos de Cristóvão Bastos com a participação da cantora Monica Salmaso.

Em ritmo de baião, “A dança do Corrupião” abre os trabalhos, plena de síncopes, contratempos e versos acrescentados por Paulo César Pinheiro à melodia original lançada por Edu no disco “Corrupião”, de 1994. “Levanta o pé, vem / pula do chão / até pegar a divisão / cumé, hein? / é a pisada do baião”, ensina a letra que metaboliza tema em canção, com arranjo de Cristóvão Bastos livremente inspirado no original, de Gilson Peranzzetta.

Outra composição instrumental a ganhar versos de Pinheiro é “Perambulando”, lançada no disco “Meia Noite”, de 1995. Edu e Paulo escreveram quatro canções especialmente para este novo álbum. Três delas contemplam a grandiosidade das cordas e se valem de violinos, violas e violoncelos, sob os arcos de Bernardo Bessler, Daniel Guedes, Jesuína Passaroto e Marcio Mallard, entre outros, arregimentados pelo violinista José Alves.

A passagem do tempo, com suas tristezas e seus auspícios, é abordada em “Vestígios”, onde imprimem-se “retratos de fatos e histórias talvez banais / vestígios de tempo / que mesmo embaçados não passam jamais”. Ondas de lirismo e sabedoria diante das ressacas do destino: “tantas marés / eu já vi passar / carregando meus pés por todo o mar / que a vida é pra se navegar”.

Aliada ao oboé de Carlos Prazeres, “Qualquer caminho” funciona como uma bússola interior para as correntes incertas da existência: “já peguei tanto desvio pra chegar até aqui / só que de mim mesmo nunca me perdi”, enquanto “Coração cigano” garante o sabor dos movimentos (“Coração roda-de-engenho / feito o meu movido a mágoa / Quanto mais mágoas eu tenho / Gira mais a roda d´água”).

Edu e Monica Salmaso dividem os vocais no acalanto sinuoso e místico de “Primeira Cantiga”: “Dorme que vou te embalar / no meu colo quente / como a lua embala o mar e a maré embala a gente”. São duas vozes e apenas dois instrumentos. Se bem que o piano de Cristóvão Bastos e o baixo acústico de Alberto Continentino impõem uma moldura sonora de corar qualquer pretensão minimalista.

Edu sacou “Angu de Caroço”, parceria com Cacaso, do disco “Tempo Presente”, de 1980. Assim como “A dança do Corrupião”, a canção exalta os efeitos irresistíveis de determinadas vertentes da música brasileira. Neste caso, o frevo, uma de suas influências primeiras, a partir da convivência com seu próprio pai – o compositor e jornalista Fernando Lobo – que o apresentou ao gênero imortalizado por Capiba e Nelson Ferreira: “E cada passo que eu dei / cada fogueira pulei / E nunca mais que larguei aquele angu de caroço”. Para reforçar o angu, o arranjo é temperado pelos metais em brasa de Mauro Senise (sax alto e piccollo), José Canuto (sax alto), Henrique Band (sax tenor e flauta) e Jessé Sadoc (trompete).

Quatro parcerias com Chico Buarque, egressas de musicais compostos pela dupla. Do Grande Circo Místico (1982), “Ciranda da Bailarina”, “A Bela e a fera” e “A História de Lily Braun”, diretamente da boca do Lobo, dispensam maiores considerações. São expoentes incontestáveis do repertório moderno brasileiro e deveriam ser utilizadas como referências obrigatórias em salas de aula, assim como Machado de Assis, Getúlio Vargas ou o triângulo da hipotenusa.

E já que vislumbramos o tal do Brasil melhor, a “Ode aos ratos” – de Cambaio (2000) – empurra goela abaixo dos corruptíveis de fuça gelada a metáfora fétida e devastadora do “saqueador da metrópole / tenaz roedor de toda esperança / estuporador de ilusão”. Para a barra pesar de vez, só que no melhor e mais musical dos sentidos, a guitarra de Lula Galvão, a flauta de Carlos Malta e a bateria de Jurim Moreira oferecem suas virtuosas contribuições.

Com letra de autor desconhecido em domínio público, “Senhora do Rio” foi lançada ao vivo no DVD “Vento Bravo”, via Biscoito Fino, em 2008. Aqui, a torrente de piano e cordas arranjadas por Cristóvão Bastos desemboca certeira nos ouvidos dos bentos filhos do Brasil de Edu Lobo, independente do curso incerto das marés do mercado. Muito além da superfície, sua música flui feito correnteza impulsionada por ventos bravos. Ou como faca que dá talhos sem dor.

Julio Moura

Faixas

01 Dança do Corrupião
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





02 Coração Cigano
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





03 Primeira Cantiga
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





04 Angu de Caroço
Autores:
Edu Lobo/Cacaso
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





05 Perambulando
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music/Warner Chappell





06 Qualquer Caminho
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





07 Ode aos Ratos
Autores:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





08 Tantas Marés (Ex - Vestígios)
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





09 Ciranda da Bailarina
Autores:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





10 Senhora do Rio
Autores:
Edu Lobo
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





11 A Bela e a Fera
Autores:
Edu Lobo/ Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





12 A História de Lilly Braun
Autor:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999






Ficha Técnica


Uma Realização Biscoito Fino

Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Coordenação de Produção: Joana Hime
Produção: Raquel Deleuse e Ítalo Amaral

domingo, janeiro 31, 2010

Retratos do Sincretismo

Novo livro resgata o Brasil visto pelas lentes do francês Pierre Verger

Retratos do Sincretismo
Foto: por Pierre Verger
Candomblé: Bahia, 1972 - O bom trânsito de Verger permitia que ele registrasse incontáveis cultos religiosos. Estas imagens são da festa Águas de Oxalá, com participação do Candomblé Opô Aganjú


''Este homem é um feiticeiro, tem poderes." Essa é uma das inúmeras descrições feitas a respeito de Pierre Verger. Nascido na França em 1902, Verger era homem da época em que ainda existiam mistérios perdidos para serem descobertos nos quatro cantos do mundo. Na década de 30, largou a vida confortável que tinha em seu país e virou fotógrafo itinerante. Acompanhado de sua Rolleiflex, rumou ao Oriente e à África, clicando civilizações que viraram poeira com a chegada dos tempos modernos. Depois da Segunda Guerra, Verger aparentemente já tinha visto tudo, mas sua vida mudou totalmente quando chegou à Bahia em 1946. Ele se transformou, mergulhando de cabeça na cultura e religião afro-brasileiras. Verger estudou a diáspora africana e se apegou ao candomblé, ganhando o título de babalaô. Sua atuação como etnológo foi reconhecida pela Universidade de Sorbonne. Os retratos de Verger capturam a essência da Bahia pré-trio elétrico. Até sua morte em 1996, foi um dos grandes poetas visuais de Salvador, celebrando rostos anônimos, porém expressivos, e invadindo ruas, becos e ladeiras. O livro Pierre Verger - Fotografias para Não Esquecer (Terra Virgem) resgata uma parte do acervo desse mestre.