E quem quiser contribuir, mandando inclusive textos, é só me contactar. Comentários, é claro, serão bem-vindos - quem quiser polemizar, discutir, brigar, também pode: só não prometo continuar no tema, pois o tempo nem sempre existe, nem tudo vale a pena mergulhar fundo e os assuntos são muitos.

Ah! Para quem não me conhece, posso me definir como um ATIVISTA CULTURAL BRASILEIRO – adotando definição dada pela jornalista Beatriz Wagner (obrigado, Bea!) durante o Brazil Film Festival de Sydney, em outubro de 2009. Sou de São Paulo, capital, mas moro em Sydney, Austrália desde o final de 1980. Além de ser ou gostar de ser um ativista cultural, ou como parte disso, faço música, cinema, escrevo, trabalho como guia de turismo multilíngüe (em português, inglês, espanhol e italiano) viajando por toda a Austrália, faço traduções, dou aulas de violão, português e inglês, entre outras coisas – e sou formado em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie (SP) sem ter exercido a profissão.

quarta-feira, maio 05, 2010

Lula, as elites e o vira-latas




É extremamente interessante que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio!

Francisco Carlos Teixeira

Seguindo outros grandes meios de comunicação globais, a revista Time escolheu – na semana passada - o presidente Lula como o líder mais influente do mundo. A notícia repercutiu em todo o mundo, sendo matéria de primeira página, no jornalão El País.

Elite e preconceito
Na verdade a matéria o apontava como o homem mais influente do mundo, posto que nem só políticos fossem alinhados na larga lista composta pelo Time. Esta não é a primeira vez que Lula merece amplo destaque na imprensa mundial. Os jornais Le Monde, de Paris, e o El País, o mais importante meio de comunicação em língua espanhola (e muito atento aos temas latino-americanos) já haviam, na virada de 2009, destacado Lula como o “homem do ano”. O inédito desta feita, com a revista Time, foi fazer uma lista, incluindo aí homens de negócios, cientistas e artistas mundialmente conhecidos. Entre os quais está o brasileiro Luis Inácio da Silva, nascido pobre e humilde em Caetés, no interior de Pernambuco, em 1945, o presidente do Brasil aparece como o mais influente de todas as personalidades globais. Por si só, dado o ponto de partida da trajetória de Lula e as deficiências de formação notórias é um fato que merece toda a atenção. No Brasil a trajetória de Lula tornou-se um símbolo contra toda a forma de exclusão e um cabal desmentido aos preconceitos culturalistas que pouco se esforçam para disfarçar o preconceito social e de classe.

É extremamente interessante, inclusive para uma sociologia das elites nacionais, que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com grande déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio sepulcral!


Lula Líder Mundial
Desde 2007 a imprensa mundial, depois de colocá-lo ao lado de líderes cubanos e nicaraguenhos num pretenso “eixinho do mal”, teve que aceitar a importância da presença de Lula nas relações internacionais e reconhecer a existência de uma personalidade original, complexa e desprovida de complexos neocoloniais. Em 2008 a Newsweek, seguida pela Forbes, admitiam Lula como um personagem de alcance mundial. O conservador Financial Times declarava, em 2009, que Lula, “com charme e habilidade política” era um dos homens que haviam moldado a primeira década do século XXI. Suas ações, em prol da paz, das negociações e dos programas de combate à pobreza eram responsáveis pela melhor atenção dada, globalmente, aos pobres e desprovidos do mundo.

Mesmo no momento da invasão do Iraque, em busca das propaladas “armas de destruição em massa”, Lula havia proposto a continuidade das negociações e declarado que a guerra contra a fome era mais importante que sustentar o complexo industrial-militar norte-americano.

Em 2010, em meio a uma polêmica bastante desinformada no Brasil – quando alguns meios de comunicação nacionais ridicularizaram as propostas de negociação para a contínua crise no Oriente Médio – o jornal israelense Haaretz – um importante meio de comunicação marcado por sua independência – denominou Lula de “profeta da paz”, destacando sua insistência em buscar soluções negociadas para a paz. Enquanto isso, boa parte da mídia brasileira, fazendo eco à extrema-direita israelense, procurava diminuir o papel do Brasil na nova ordem mundial.

Lula, talvez mesmo sem saber, utilizando-se de sua habilidade política e de seu incrível sentido de negociações, repetia, nos mais graves dossiês internacionais, a máxima de Raymond Aron: a paz se negocia com inimigos. As exigências, descabidas e mal camufladas de recusa ás negociações, sempre baseadas em imposições, foram denunciadas pelo presidente brasileiro. Idéias pré-concebidas estabelecendo a necessidade de mudar regimes para se ter a paz ou usar as baionetas para garantir a democracia foram consideradas, como sempre, desculpas para novas guerras. Lula mostrou-se, em várias das mais espinhosas crises internacionais, um negociador permanente. Foi assim na crise do golpe de Estado na Venezuela em 2002 (quando ainda era candidato) e nas demais crises sul-americanas, como na Bolívia, com o Equador e como mediador em crises entre outros países.

Lula negociador
O mais surpreendente é que o reconhecimento internacional do presidente brasileiro não traz qualquer orgulho para a elite brasileira. Ao contrário. Lula foi ridicularizado por sua política no Oriente Médio. Enquanto isso o presidente de Israel, Shimon Perez ou o Grande-Rabino daquele país solicitavam o uso do livre trânsito do presidente para intervir junto ao irascível presidente do Irã. Dizia-se aqui que Lula ofendera Israel, enquanto o Haaretz o chamava de “profeta da paz” e a Knesset (o parlamento de Israel) o aplaudia em pé. No mesmo momento o Brasil assinava importantes acordos comerciais com Israel.

Ridicularizou-se ao extremo a atuação brasileira em Honduras, sem perceber a terrível porta que se abria com um golpe militar no continente. Lula teve a firmeza e a coragem, contra a opinião pública pessimamente informada, de dizer e que “... a época de se arrancar presidentes de pijama” do palácio do governo e expulsá-los do país pertencia, definitivamente, a noite dos tempos.

Honduras teve que arcar com o peso, e os prejuízos, de sustentar uma elite empedernida, que escrevera na constituição, após anos de domínio ditatorial, que as leis, o mundo e a vida não podem ser mudados. Nem mesmo através da expressa vontade do povo! E a elite brasileira preferiu ficar ao lado dos golpistas hondurenhos e aceitar um precedente tenebroso para todo o continente.

Brasil, país no mundo!
Também se ridicularizou a abertura das relações do Brasil com o conjunto do planeta. Em oito anos abriu-se mais de sessenta novas representações no exterior, tornando o Brasil um país global. Os nostálgicos do “circuito Helena Rubinstein” – relações privilegiadas com Nova York, Londres e Paris – choraram a “proletarização” de nossas relações. Com a crise econômica global – que desmentiu os credos fundamentalistas neoliberais – a expansão do Brasil pelo mundo, os novos acordos comerciais (ao lado de um mercado interno robusto) impediram o Brasil de cair de joelhos. Outros países, atrelados ao eixo norte-atlântico e aqueles que aceitaram uma “pequena Alca”, como o México, debatem-se no fundo de suas infelicidades. Lula foi ridicularizado quando falou em “marolhinha”. Em seguida o ex-poderoso e o ex-centro anti-povos chamado FMI, declarou as medidas do governo Lula como as mais acertadas no conjunto do arsenal anti-crise.

Mais uma vez silêncio das elites brasileiras!

Lula foi considerado fomentador da preguiça e da miséria ao ampliar, recriar, e expandir ações de redistribuição de renda no país. A miséria encolheu e mais de 91 milhões de brasileiros ascenderam para vivenciar novos patamares de dignidade social... A elite disse que era apoiar o vício da preguiça, ecoando, desta feita sabendo, as ofensas coloniais sobre “nativos” preguiçosos. Era a retro-alimentação do mito da “pereza ibérica”. Uma ajuda de meio salário, temporária, merece por parte da elite um bombardeio constante. A corrupção em larga escala, dez vezes mais cara e improdutiva ao país que o Bolsa Família, e da qual a elite nacional não é estranha, nunca foi alvo de tantos ataques.

A ONU acabou escolhendo o Programa Bolsa Família como símbolo mundial do resgate dos desfavorecidos. O ultra-conservador jornal britânico The Economist o considerou um modelo de ação para todos os países tocados pela pobreza e o Le Monde como ação modelar de inclusão social.

Mais uma vez a elite nacional manteve-se em silêncio!

Em suma, quando a influente revista, sem anúncios do governo brasileiro, Time escolhe Lula como o líder mais influente do mundo, a mídia brasileira “esquece” de noticiar. Nas páginas internas, tão encolhidas como um vira-lata em dia de chuva noticia-se que Lula “... está entre os 25 lideres mais influentes do mundo”. Errado! A lista colocava Lula como “o mais” influente do mundo.

Agora se espera o silêncio da elite brasileira!

Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

quarta-feira, março 03, 2010

OSCAR NIEMEYER - também no Facebook



O governo da Espanha concedeu na sexta-feira, 6 de novembro de 2009, a Ordem das Artes e das Letras ao arquiteto Oscar Niemeyer por "sua trajetória profissional e sua contribuição à difusão internacional da cultura espanhola".

A distinção, dada pelo Conselho de Ministros seguindo a proposta da ministra da Cultura, Ángeles González-Sinde, reconhece também "a relevante influência de sua obra na configuração da arquitetura contemporânea".

A Ordem das Artes e das Letras da Espanha é uma premiação de caráter honorífico criada pelo Ministério da Cultura no ano passado, com o que se pretende reconhecer o trabalho de pessoas ou instituições que, com sua atuação em diversos âmbitos da criação, contribuam para a difusão internacional da cultura do país.

Niemeyer, hoje com 102 anos (nascido no dia 15 de dezembro de 1907), já recebeu, entre outros, o Prêmio Lenin da Paz (1963), o Prêmio Pritzker (1988), o Prêmio Príncipe de Astúrias (1989), o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (1996) e o Prêmio Unesco da Cultura (2001).

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Oscar Niemeyer tem página no Facebook.

Vale a pena ver:

http://www.facebook.com/reqs.php#!/pages/Oscar-Niemeyer/24582539622


EDU LOBO lança novo e excelente CD: leia texto de Julio Moura abaixo



EDU LOBO – TANTAS MARÉS


Novo álbum traz inéditas com Paulo César Pinheiro, recriações de parcerias com Chico Buarque e participação de Monica Salmaso

Um novo disco de Edu Lobo deve ser saudado como uma maré de sorte. Sobretudo se na corrente destas águas emergem seis composições inéditas com Paulo César Pinheiro, quatro recriações de parcerias com Chico Buarque e uma jóia com Cacaso quase esquecida no vasto e irretocável oceano de suas obras. Gravado no estúdio da Biscoito Fino, o álbum “Tantas Marés” tem produção e arranjos de Cristóvão Bastos com a participação da cantora Monica Salmaso.

Em ritmo de baião, “A dança do Corrupião” abre os trabalhos, plena de síncopes, contratempos e versos acrescentados por Paulo César Pinheiro à melodia original lançada por Edu no disco “Corrupião”, de 1994. “Levanta o pé, vem / pula do chão / até pegar a divisão / cumé, hein? / é a pisada do baião”, ensina a letra que metaboliza tema em canção, com arranjo de Cristóvão Bastos livremente inspirado no original, de Gilson Peranzzetta.

Outra composição instrumental a ganhar versos de Pinheiro é “Perambulando”, lançada no disco “Meia Noite”, de 1995. Edu e Paulo escreveram quatro canções especialmente para este novo álbum. Três delas contemplam a grandiosidade das cordas e se valem de violinos, violas e violoncelos, sob os arcos de Bernardo Bessler, Daniel Guedes, Jesuína Passaroto e Marcio Mallard, entre outros, arregimentados pelo violinista José Alves.

A passagem do tempo, com suas tristezas e seus auspícios, é abordada em “Vestígios”, onde imprimem-se “retratos de fatos e histórias talvez banais / vestígios de tempo / que mesmo embaçados não passam jamais”. Ondas de lirismo e sabedoria diante das ressacas do destino: “tantas marés / eu já vi passar / carregando meus pés por todo o mar / que a vida é pra se navegar”.

Aliada ao oboé de Carlos Prazeres, “Qualquer caminho” funciona como uma bússola interior para as correntes incertas da existência: “já peguei tanto desvio pra chegar até aqui / só que de mim mesmo nunca me perdi”, enquanto “Coração cigano” garante o sabor dos movimentos (“Coração roda-de-engenho / feito o meu movido a mágoa / Quanto mais mágoas eu tenho / Gira mais a roda d´água”).

Edu e Monica Salmaso dividem os vocais no acalanto sinuoso e místico de “Primeira Cantiga”: “Dorme que vou te embalar / no meu colo quente / como a lua embala o mar e a maré embala a gente”. São duas vozes e apenas dois instrumentos. Se bem que o piano de Cristóvão Bastos e o baixo acústico de Alberto Continentino impõem uma moldura sonora de corar qualquer pretensão minimalista.

Edu sacou “Angu de Caroço”, parceria com Cacaso, do disco “Tempo Presente”, de 1980. Assim como “A dança do Corrupião”, a canção exalta os efeitos irresistíveis de determinadas vertentes da música brasileira. Neste caso, o frevo, uma de suas influências primeiras, a partir da convivência com seu próprio pai – o compositor e jornalista Fernando Lobo – que o apresentou ao gênero imortalizado por Capiba e Nelson Ferreira: “E cada passo que eu dei / cada fogueira pulei / E nunca mais que larguei aquele angu de caroço”. Para reforçar o angu, o arranjo é temperado pelos metais em brasa de Mauro Senise (sax alto e piccollo), José Canuto (sax alto), Henrique Band (sax tenor e flauta) e Jessé Sadoc (trompete).

Quatro parcerias com Chico Buarque, egressas de musicais compostos pela dupla. Do Grande Circo Místico (1982), “Ciranda da Bailarina”, “A Bela e a fera” e “A História de Lily Braun”, diretamente da boca do Lobo, dispensam maiores considerações. São expoentes incontestáveis do repertório moderno brasileiro e deveriam ser utilizadas como referências obrigatórias em salas de aula, assim como Machado de Assis, Getúlio Vargas ou o triângulo da hipotenusa.

E já que vislumbramos o tal do Brasil melhor, a “Ode aos ratos” – de Cambaio (2000) – empurra goela abaixo dos corruptíveis de fuça gelada a metáfora fétida e devastadora do “saqueador da metrópole / tenaz roedor de toda esperança / estuporador de ilusão”. Para a barra pesar de vez, só que no melhor e mais musical dos sentidos, a guitarra de Lula Galvão, a flauta de Carlos Malta e a bateria de Jurim Moreira oferecem suas virtuosas contribuições.

Com letra de autor desconhecido em domínio público, “Senhora do Rio” foi lançada ao vivo no DVD “Vento Bravo”, via Biscoito Fino, em 2008. Aqui, a torrente de piano e cordas arranjadas por Cristóvão Bastos desemboca certeira nos ouvidos dos bentos filhos do Brasil de Edu Lobo, independente do curso incerto das marés do mercado. Muito além da superfície, sua música flui feito correnteza impulsionada por ventos bravos. Ou como faca que dá talhos sem dor.

Julio Moura

Faixas

01 Dança do Corrupião
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





02 Coração Cigano
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





03 Primeira Cantiga
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





04 Angu de Caroço
Autores:
Edu Lobo/Cacaso
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





05 Perambulando
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music/Warner Chappell





06 Qualquer Caminho
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





07 Ode aos Ratos
Autores:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





08 Tantas Marés (Ex - Vestígios)
Autores:
Edu Lobo/Paulo César Pinheiro
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





09 Ciranda da Bailarina
Autores:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





10 Senhora do Rio
Autores:
Edu Lobo
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music





11 A Bela e a Fera
Autores:
Edu Lobo/ Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999





12 A História de Lilly Braun
Autor:
Edu Lobo/Chico Buarque
Intérprete: Edu Lobo
Editora:Lobo Music / Marola Edições – 2294-2999






Ficha Técnica


Uma Realização Biscoito Fino

Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Coordenação de Produção: Joana Hime
Produção: Raquel Deleuse e Ítalo Amaral

domingo, janeiro 31, 2010

Retratos do Sincretismo

Novo livro resgata o Brasil visto pelas lentes do francês Pierre Verger

Retratos do Sincretismo
Foto: por Pierre Verger
Candomblé: Bahia, 1972 - O bom trânsito de Verger permitia que ele registrasse incontáveis cultos religiosos. Estas imagens são da festa Águas de Oxalá, com participação do Candomblé Opô Aganjú


''Este homem é um feiticeiro, tem poderes." Essa é uma das inúmeras descrições feitas a respeito de Pierre Verger. Nascido na França em 1902, Verger era homem da época em que ainda existiam mistérios perdidos para serem descobertos nos quatro cantos do mundo. Na década de 30, largou a vida confortável que tinha em seu país e virou fotógrafo itinerante. Acompanhado de sua Rolleiflex, rumou ao Oriente e à África, clicando civilizações que viraram poeira com a chegada dos tempos modernos. Depois da Segunda Guerra, Verger aparentemente já tinha visto tudo, mas sua vida mudou totalmente quando chegou à Bahia em 1946. Ele se transformou, mergulhando de cabeça na cultura e religião afro-brasileiras. Verger estudou a diáspora africana e se apegou ao candomblé, ganhando o título de babalaô. Sua atuação como etnológo foi reconhecida pela Universidade de Sorbonne. Os retratos de Verger capturam a essência da Bahia pré-trio elétrico. Até sua morte em 1996, foi um dos grandes poetas visuais de Salvador, celebrando rostos anônimos, porém expressivos, e invadindo ruas, becos e ladeiras. O livro Pierre Verger - Fotografias para Não Esquecer (Terra Virgem) resgata uma parte do acervo desse mestre.

sábado, janeiro 23, 2010



Para quem ainda nao viu… esse é o projeto do escritório americano Diller Scofidio + Renfro (DS+R), que vai dar forma ao novo Museu da Imagem e do Som (MIS) na Praia de Copacabana.

O projeto é inspirado nas curvas do calçadão de Copacabana e prevê rampas, janelões envidraçados e paredes vazadas, em que os visitantes vão ver não só o acervo do museu como também a paisagem da praia mais badalada do Rio de Janeiro.

As obras devem começar no início deste ano de 2010 – e a expectativa é de que o museu fique pronto dois anos e meio após a demolição do prédio em que funciona (ou funcionava) a boate Help.

Sensacional!!!!!!!!

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New York-based architect Diller Scofidio + Renfro (DS+R) has won the competition to design a new Museum of Image and Sound (MIS) on Copacabana Beach, Rio de Janeiro, Brazil.

The new BRL 65 million (US$ 35 million) MIS, which will occupy the site of an infamous nightclub, will use include extensive external access ramps and windows that will frame different views of Copacabana beach.

Covering 4500 m2, the new MIS will have space for permanent and temporary exhibitions, research facilities, a restaurant, and an open-air auditorium.

Construction, which is expected to start this year, will take two and a half years.

The present MIS was founded in 1965 and houses a variety of photos, posters, films, videos, and newspaper clippings, all of which will be transferred to the new museum.

sábado, janeiro 09, 2010

São Luiz do Paraitinga


Culturas Populares

Patrimônio imaterial de São Luis do Paraitinga também pode ser afetado pela catástrofe

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural vem a público se solidarizar com a população da cidade histórica de São Luiz do Paraitinga e tentar colaborar para que seu processo de recuperação seja o mais rápido e integral possível. Para tanto, chamamos a atenção para o fato de que não foi apenas o patrimônio histórico e material da cidade de São Luiz do Paraitinga, localizada no Vale do Paraíba (SP), que sofreu com a enchente provocada por fortes chuvas que caíram sobre a cidade histórica nos primeiros dias do ano. Tombada como Patrimônio Histórico Material desde 1982, o município possui uma riquíssima variedade de tradições culturais imateriais, que não deverão acontecer neste ano, em conseqüência do desastre natural.

Além do Carnaval, um dos mais originais do Estado de São Paulo, que tem como característica principal as Marchinhas, que “contam” a história do povo da cidade com seus mitos, lendas e tradições, São Luiz é palco de várias festas religiosas e expressões culturais tradicionais importantes como a Festa do Divino, as Folias de Reis, a Semana Santa, o Corpus Christi, a Festa de São Luiz de Tolosa (em homenagem ao padroeiro da cidade o Frade franciscano São Luiz de Tolosa) e as Festas de Nossa Senhora das Mercês e de Santa Cecília.


O Saci, um dos personagens principais das lendas brasileiras, também tem o seu dia de festa em São Luiz de Paraitinga. Realizada todo dia 31 de outubro, a Festa do Saci começa com o “Saciciclístico”, um passeio ciclístico pelas trilhas naturais existentes em volta da cidade e cujos últimos 800 metros são percorridos pelos participantes pedalando com um pé só. A Festa tem ainda teatro infantil, o Bolo do Saci, o Raloim Caipira e termina com a apresentação de várias bandas e artistas locais. A partir daí iniciou-se uma campanha positiva, de afirmação da identidade cultural nacional em contraposição ao avanço de festejos exógenos como o Halloween, que culmina agora com a defesa da escolha do moleque travesso para mascote da Copa do Mundo de 2014.

Nas festas religiosas, e também nas profanas, não faltam as presenças dos personagens João Paulino e Maria Angu, um casal de bonecos gigantes que faz a alegria das crianças da cidade. São Luiz de Paraitinga tem ainda o Caiapó, o Moçambique, o Jongo e a Dança do Caranguejo. A Cavalhada do distrito de Catuçaba, uma das únicas do Estado de São Paulo e uma das mais importantes do país, também faz parte da Festa do Divino Espírito Santo e é marcada pela farta distribuição do afogado, uma típica comida da região.


O Carnaval começaria em janeiro, com o Festival de Marchinhas, cuja realização estava prevista para os dias 23, 24 e 31, mas os eventos devem ser cancelados. O Festival tem como objetivo o fomento à cultura musical da cidade e a valorização das marchinhas, que são protegidas por lei municipal. As cerca de 1.500 marchinhas já compostas pelos luizenses têm uma linguagem própria, desenvolvendo uma musicalidade original, valorizando, sobremaneira, os músicos locais, herdeiros de Elpídio dos Santos. Durante o Carnaval, blocos e cordões de foliões percorrem as ruas históricas da cidade ao som dessas criações poéticas e musicais locais.

Com a destruição da Igreja Matriz São Luiz de Tolosa e a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, as festas religiosas ficaram sem os seus palcos principais para acontecerem. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) não faz previsões sobre o tempo necessário para a recuperação da cidade, uma vez que este depende de diversos estudos que ainda não começaram.


DOAÇÕES

A prefeitura de São Luís do Paraitinga abriu conta para receber doações. O número é 12-2, Caixa Econômica Federal, Agência Mazzaropi 2898, operação tipo 006. O CNPJ da prefeitura para transferências via internet é 46.631.248-0001/51.

Outras informações sobre ajuda humanitária podem ser encontradas no blog http://www.sosparaitinga.blogspot.com/
(Comunicação/SID)

Comunicação SID/MinC

Telefone: (61) 2024-2379

E-mail: identidadecultural@cultura.gov.br

Acesse: www.cultura.gov.br/sid

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Nosso Twitter: twitter.com/diversidademinc

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Encontro dos Povos Guarani da América do Sul


Representantes do MinC se reúnem em Diamante D’Oeste/PR para discutir os últimos detalhes do Encontro

Será realizada, nos dias 13 e 14 de janeiro de 2010, a 2ª Reunião da Comissão Organizadora do Encontro dos Povos Guarani da América do Sul na aldeia de Tekoha Añetete, município de Diamante D’ Oeste, Paraná. A Comissão é composta por representantes da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), por 15 lideranças Guarani do Brasil e do Paraguai e pelo antropólogo Rubem Almeida, coordenador do projeto, além de representantes da Itaipu Binacional, do Ministério da Cultura do Paraguai, da Prefeitura de Diamante D’Oeste e do Instituto Empreender, responsável pela produção executiva.

Os principais objetivos dessa 2ª reunião são os de definir os temas que serão discutidos durante o Encontro, a composição das delegações e os últimos detalhes logísticos, como os horários do transporte, a hospedagem e alimentação. Nessa reunião, que será a última da Comissão Organizadora antes do Encontro, em fevereiro, serão definidos ainda os espaços da aldeia para a montagem das estruturas de tendas e refeitório.

O Encontro dos Povos Guarani da América do Sul acontecerá entres os dias 02 e 05 de fevereiro, também na aldeia Tekoha Añetete, e contará com a participação de cerca de 800 indígenas Guarani do Brasil, da Bolívia, do Paraguai e da Argentina. O dia 02 será destinado à recepção das delegações. Os dias 03 e 04 serão destinados para reuniões exclusivas dos Guarani. No dia 05, último dia do Encontro, haverá reunião dos Guarani com os Ministros de Cultura dos países participantes e convidados.

O objetivo do Encontro é fomentar uma nova perspectiva cultural que fortaleça a relação entre esses povos e reduza a distância existente entre essas populações e os não-índios. O evento pretende, também, contribuir para a reflexão da importância dos povos Guarani para a formação da cultura sul americana.

O Encontro conta com a parceria da Itaipu Binacional, da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), das Prefeituras de Diamante D’Oeste e Foz do Iguaçu, das Secretarias de Educação e de Cultura do Paraná e da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Além delas, o projeto ganhou o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Mercosul Cultural - Fórum dos Ministros de Cultura dos países do Mercosul.

(Comunicação-SID/Minc)

Comunicação SID/MinC

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