E quem quiser contribuir, mandando inclusive textos, é só me contactar. Comentários, é claro, serão bem-vindos - quem quiser polemizar, discutir, brigar, também pode: só não prometo continuar no tema, pois o tempo nem sempre existe, nem tudo vale a pena mergulhar fundo e os assuntos são muitos.

Ah! Para quem não me conhece, posso me definir como um ATIVISTA CULTURAL BRASILEIRO – adotando definição dada pela jornalista Beatriz Wagner (obrigado, Bea!) durante o Brazil Film Festival de Sydney, em outubro de 2009. Sou de São Paulo, capital, mas moro em Sydney, Austrália desde o final de 1980. Além de ser ou gostar de ser um ativista cultural, ou como parte disso, faço música, cinema, escrevo, trabalho como guia de turismo multilíngüe (em português, inglês, espanhol e italiano) viajando por toda a Austrália, faço traduções, dou aulas de violão, português e inglês, entre outras coisas – e sou formado em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie (SP) sem ter exercido a profissão.

sábado, dezembro 12, 2009



O BALÉ DE RUA VEM AÍ


O Grupo de Dança Balé de Rua chega a Sydney no mês de janeiro de 2010 para várias apresentações na Opera House.

O grupo é uma maravilha e nós, brasileiros residentes na Austrália, não podemos deixar de ir vê-los.

VAMOS LÁ, PESSOAL!!!!!

Márcia Monje escreveu um ótimo texto sobre o grupo, que infelizmente foi publicado de maneira adulterada na revista Radar, edição de dez09/jan10.

Aqui está o texto original completo (seguido de tradução resumida em inglês):


O Balé de Rua subirá aos palcos da Sydney Opera House agora em janeiro de 2010. Aliás, esse grupo de Uberlândia, Minas Gerais, vem subindo aos palcos internacionais desde 2002, quando foram descobertos pelos europeus na Bienal de Dança de Lyon, um dos mais importantes eventos de dança do mundo, ocasião em que foram manchete do jornal francês “Le Monde” com a chamada, “Balé de Rua: a energia da rua brasileira”.

A partir daí ganharam outros chãos, com turnês internacionais anuais, tendo inclusive que estender a temporada parisiense todas as vezes que se apresentam nessa capital cultural, recebendo calorosos aplausos no Edinburgh Fringe Festival na Escócia, no Barbican em Londres, e tantos outros lugares por onde passam com a energia das ruas brasileiras.

As ruas brasileiras, onde tudo começou, foram as ruas da periferia de Uberlândia nos anos 80, início dos 90, durante o auge do break dance no Brasil, um estilo importado dos Estados Unidos, que se encaixava perfeitamente na dinâmica da periferia brasileira, onde foi se concentrando a maioria dos escravos brasileiros alforriados, nos chamados bairros africanos.

O break dance, que na verdade se originou de um furo do dj na troca de discos numa discoteca de Nova Iorque nos anos 70, foi absorvido e apropriado pela cultura de rua do Bronx, bairro da periferia de Nova Iorque. A energia frustrada dos negros e as rivalidades que normalmente causavam violência foram transferidas para o break dance e as batalhas, por assim dizer, eram travadas na rua, dançando, não mais lutando.

É fácil estabelecer paralelos com o Brasil, principalmente quando sabemos que três jovens de Uberlândia, autodidatas e sem formação acadêmica em dança, Marco Antonio Garcia, José Marciel Silva e Fernando Narduchi, se juntaram para expressar através do funk, do rap e do break dance toda uma gama de sentimentos semelhantes, eventualmente fazendo apresentações em festivais e eventos locais.

O grande Darcy Ribeiro nos conta que “a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi e ainda é a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional.” A batalha deles não era exatamente nas ruas, mas na própria sociedade.

A Companhia de Dança Balé de Rua foi fundada em 1992, mas somente em 2000 a companhia se profissionalizou a ponto de todos seus integrantes poderem abandonar seus trabalhos diurnos para se dedicar exclusivamente à dança – com contrato, carteira assinada e INSS pagos. Um feito, é inegável.

Em 2007 lançaram o Ponto de Cultura "Centro Cultural Balé de Rua", parte do programa Cultura Viva do Governo Lula. E não parou por aí – a companhia criou escolas de dança em diversos pontos da cidade, lançando também o projeto “Novos Talentos”.

Hoje o Balé de Rua é formado por seis grupos de dança, um grupo de percussão e uma turma de rap e hip-hop.

Durante esse processo de afirmação e assistência social, a companhia também amadureceu, justamente buscando no passado e nas raízes afro-brasileiras, a sua própria identidade. É nesse momento que começam a contar suas próprias histórias, “a história do Brasil, a história de uma pequena cidade brasileira, a história de um nascimento, de um encontro nos bairros de Uberlândia”, diz o programa da turnê mundial de 2009.

Esse resgate das raízes africanas na cultura popular brasileira se confunde com o resgate da própria formação do povo brasileiro. “Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados (...) – um povo mestiço na carne e no espírito”, esclarece, mais uma vez, Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro.

Essa junção, carne – ou corpo ­– e espírito, certamente é o que transforma essa companhia de dança em algo genial e lhes garante uma identidade própria.

Enquanto dançam uma narrativa histórico-cultural produzem faíscas na platéia, que se transforma e esquece suas inibições ao levantar e aplaudir efusivamente no meio de gritos e exclamações que revelam a explosão dos sentimentos que este grupo de dança consegue extrair deles. Como o gigante que acorda de um sono profundo, em qualquer parte do mundo a platéia reage à magia e exuberância das performances.

“Quando a cortina levanta”, diz ainda o programa, “o som da respiração nos corredores me dá asas. Aqui sou mais do que um homem, aqui sou muito mais do que um homem.”

Realmente são mais do que um homem, ou 14 homens e uma mulher, a composição real do grupo. No palco, eles são milhares de homens e mulheres do passado e do presente. Eles são o Brasil. O Brasil de todos nós.

por Márcia Monje

----------------------------------------------------------------------

The dance group Balé de Rua will get up on the stage of the Sydney Opera House in January 2010. In fact, this group from Uberlândia, State of Minas Gerais has been getting up on the international stages every year. Ever since they were launched at the Lyon Dance Biennial, when they appeared on the French newspaper “Le Monde” with the headline Balé de Rua: the energy of the Brazilian streets.

From then onwards they took on the world, being acclaimed in Paris, at the Edinburgh Fringe Festival, the Barbican in London and everywhere they take the energy of the Brazilian streets.

The Brazilian streets where everything started were the streets in the outskirts of Uberlândia in the 80’s, beginning of the 90’s, during the peak of the break dance in Brazil. Although imported from the USA it was a dance style that fit perfectly in the pathos of the excluded, also in Brazil. A great part of the freed slaves concentrated in the outskirts of the cities, in the so called African neighborhoods.

The same frustrated energy of the American counterparts and the rivalries that ended up in violent fights in the Bronx, were transferred to the break dance. The street battles were fought by dancing against one another, no longer by fighting.

It is easy to establish parallels with Brazil, particularly when we learn that three self-taught young men, without academic formation in dance, Marco Antonio Garcia, José Marciel Silva e Fernando Narduchi, got together to express through Funk, Rap and Break Dance the same type of feeling. The great anthropologist Darcy Ribeiro asserted that “the hardest battle of the black African and their Brazilian descendants was and still is to conquer a place and a role of genuine participant in national society”. Their battle was not exactly on the streets, but within Brazilian society.

The Balé de Rua Dance Company was formed in 1992 and today the company is made up of six dance groups, a percussion group and a group of rap and hip-hop.

During this time of social empowerment the company matured, searching for their own identity in the past and in their afro-Brazilian roots.

The rescuing of the African roots within Brazilian popular culture is also the rescuing of the formation of the Brazilian people. “All of us Brazilians are the flesh of the flesh of those tortured blacks and indigenous people (…) – a mixed people in flesh and spirit”, clarifies once again Darcy Ribeiro, in The Brazilian People.

This union, flesh and spirit, or rather, body and soul, certainly is what transforms this dance company into something out of the ordinary, granting them their identity. While dancing a historical narrative, they produce sparkles in the audience who is transformed, revealing the explosion of feelings this dance group can extract from them.

“When the curtain rises,” says the program again, “the sound of breathing in the hall gives me wings. Here I am more than a man. Here I am much more than a man.”

Indeed, they are more than a man, or 14 men and one woman as is the group’s composition. On stage they are thousands of men and women from the past and the present. They are Brazil. Brazil of all of us.

by Márcia Monje

Como moro em Sydney, Austrália, desde o final de 1980 – costumo dizer que cheguei aqui com "menos 8 de idade", rsss... – vamos começar com esta notícia da AAP (Australian Associated Press) publicada hoje:

NSW police have arrested 333 people on more than 500 charges in a single night, as they try to crack down on drunken violence.

Extra police officers converged on Sydney CBD, Surry Hills and Kings Cross on Friday as NSW did its bit in the nationwide Operation Unite.

The 516 charges were for offences ranging from assault and affray to drug possession and robbery.

Police charged 96 people with assault, including a man who allegedly king hit an officer at Ryde Police Station.

They caught 176 people drink-driving, and 15 disqualified drivers behind the wheel.

Assistant Commissioner Frank Mennilli said it was alarming that police had to make so many arrests.

"I find it hard to believe that despite all the messages police have been sending to the community, that this many people could act so irresponsibly," he said.

Police also seized 1.7 litres of the illegal drug GBL at Darlinghurst.

They arrested a 24-year-old Italian national, and charged him with supplying a commercial quantity of a prohibited drug.

He was refused bail to appear in Parramatta Bail Court on Saturday.


Dados interessantes a considerar:

  • A Austrália tem uma população estimada em 22 milhões de habitantes
  • O país inteiro, ilha-continente de 7,600,000 km2, tem quase 1 milhão de km2 a menos que o Brasil (o que seria equivalente a acrescentar mais um estado de NSW, capital Sydney, à Austrália)
  • A média de assassinatos em NSW, por ano, tem sido de 100 pessoas - das quais 60% já se conheciam antes da fatalidade acontecer
  • Sendo um país de colonização britânica, a Austrália segue as regras de consumo de álcool existententes nas ilhas britânicas
Na minha opinião, baseada nas minhas quase 3 décadas morando aqui em Sydney, os australianos tendem a consumir bastante álcool e a "perder o controle" de uma maneira diferente de outros povos. A impressão é que eles/elas bebem pra se embebedar, não necessariamente porque gostam ou estão saboreando o que bebem. Nota-se, de fato, que não estão.