E quem quiser contribuir, mandando inclusive textos, é só me contactar. Comentários, é claro, serão bem-vindos - quem quiser polemizar, discutir, brigar, também pode: só não prometo continuar no tema, pois o tempo nem sempre existe, nem tudo vale a pena mergulhar fundo e os assuntos são muitos.

Ah! Para quem não me conhece, posso me definir como um ATIVISTA CULTURAL BRASILEIRO – adotando definição dada pela jornalista Beatriz Wagner (obrigado, Bea!) durante o Brazil Film Festival de Sydney, em outubro de 2009. Sou de São Paulo, capital, mas moro em Sydney, Austrália desde o final de 1980. Além de ser ou gostar de ser um ativista cultural, ou como parte disso, faço música, cinema, escrevo, trabalho como guia de turismo multilíngüe (em português, inglês, espanhol e italiano) viajando por toda a Austrália, faço traduções, dou aulas de violão, português e inglês, entre outras coisas – e sou formado em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie (SP) sem ter exercido a profissão.

quinta-feira, março 29, 2012

Adeus a Ademilde Fonseca


A cantora Ademilde Fonseca, conhecida como a Rainha do Choro, faleceu em sua residência no Rio de Janeiro na noite de terça-feira (27), aos 91 anos. Ademilde esteve entre as primeiras a cantar no ritmo do choro, ou chorinho, e ainda estava ativa após mais de 70 anos de carreira.

“Ela teve um mal súbito ontem, entre as 23h e 23h30, e faleceu,” disse a neta, Ana Cristina, à reportagem do UOL. “Não estava doente, foi algo completamente inesperado. Ela fez um show recente em Porto Alegre e ontem gravou ontem dois programas. Ainda estamos em choque." A cantora tinha um histórico de doenças cardíacas.

O Brasil ficou mais pobre e mais burro com a morte de Chico Anísio, dias atrás, e Millor Fernandes, poucas horas atrás.



Morreu ontem à noite o artista, humorista, cartunista, dramaturgo, tradutor, escritor e grande, GRANDE brasileiro e carioca, MillIor Fernandes. Algumas de suas frases famosas:
"Não é segredo. Somos feitos de pó, vaidade e muito medo."
"Por mais imbecil que você seja, sempre haverá um imbecil maior para achar que você não o é."
"Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice."
"Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos."
"Quem mata o tempo não é assassino mas sim um suicida."

terça-feira, março 27, 2012

CARLOS MALTA - PIXINGUINHA ALMA E CORPO


Um dos mais lindos CDs de música brasileira de todos os tempos, disco raríssimo e não mais disponível no mercado brasileiro e mundial (só encontrei fora do Brasil, de segunda mão, por preços a partir de US$59-00)
Fica aqui um link que achei através do Rapidshare (basta copiar e colar): https://rapidshare.com/files/639533880/carlos_malta_e_quarteto_de_cordas.rar
para quem não quiser perder esta rara oportunidade de ouvir em MP3 essa verdadeira obra-prima brasileira.
Músicas de Pixinguinha interpretadas pelo multi-instrumentista Carlos Malta - nos instrumentos de sopro - e um quarteto de cordas: Ricardo Amado (primeiro violino), Mariana Salles (segundo violino), Jayro Diniz (viola), Hugo Pilger (violoncelo).
Carlos Malta é um dos maiores músicos do planeta, sem qualquer exagero.
Lançamento do ano 2000.

Aqui vai um texto de Tárik de Souza sobre esta maravilha e também sobre outra obra-prima de Carlos Malta, Pimenta, CD no qual homenageia Elis Regina (recomendo que todos ouçam e comprem tudo de Carlos Malta):

O dínamo multisopros Carlos Malta, felizmente, não pára quieto. Formado na escola hiperativa de Hermeto Pascoal, com quem tocou durante 12 anos, ele gravou em 1998 um disco cujo título define suas habilidades (Escultor do Vento), embarcou no ano seguinte na recuperação da sonoridade do pífano nordestino (o intrigante Carlos Malta e o Pife Muderno) e reaparece agora com dois CDs de uma tacada. Em Pimenta, ele navega através de clássicos marcados a ferro & brasa pela voz da Pimentinha Elis Regina. Já Pixinguinha, Alma e Corpo veste traje de câmara (com quarteto de cordas, dois violinos, viola e cello) na obra do mestre do choro. "Naquele Tempo" ganha um toque à Piazzolla no ostinato do cello de Hugo Pilger. A pouco conhecida "Dininha" leva tempero impressionista de Debussy e Erik Satie. Malta (nos saxes soprano, alto, tenor, flautim, arranjos e regência) valoriza a técnica de contrapontos de Pixinguinha (especialmente em sua fase como sax-tenorista) em faixas como "Proezas de Sólon" e na polirritmia de "Lamentos" (de um 6/8 para um 2/4). Do som de retreta no saltitante "A Vida é um Buraco" aos dribles de sopro de "1 X 0" e um "Carinhoso" com sax destacando-se do bloco de cordas, o disco tem a densidade da obra-prima. Próximo disso, com a tarefa árdua de trabalhar sobre standards muito surrados como Fascinação ou Garota de Ipanema, Malta mostra seu lado mais jazzístico (e condimentado) em Pimenta. Espana a obviedade em arranjos que reconstroem atmosferas de jóias como Cais (pontuada no surdão), Águas de Março (em espaçosos improvisos), Upa Neguinho (flauta percussiva, timbre sujo nas levadas), Nada Será como Antes (bordado de violão de 12 que abre para sax soprano jazzístico) e Ladeira da Preguiça (calcada no contraritmo da bateria em contraste com a dissonância do sax-barítono). Coisa de ourives. (Tárik de Souza)

sábado, março 24, 2012

Luiz Fernando Veríssimo se (e nos) diverte




Eu tomo um remédio para controlar a pressão.
Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.
Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção.
Tô sofrendo de preção alto,
O médico mandou cortar o sal.
Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério!
Não sei mais o que é real.
Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.
Não tem mais um Real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas:
Sabe aquele carro? Esquece!
Aquela viagem? Esquece!
Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time:
- nas últimas.
Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida...
Entra por um ouvido e sai pelo outro.

Faz diferença...
"A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa PRAGA no governo"

Luiz Fernando Verissimo


Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio.

terça-feira, março 20, 2012

segunda-feira, março 19, 2012

SAMBANZO - ETIÓPIA ótimo cd instrumental (clique para baixar)



DISPONIBILIZADO GRATUITAMENTE NO BLOG DA BANDA de Thiago França:
http://sambanzo.blogspot.com.au/2012/02/sambanzo-etiopia-2012.html

domingo, março 18, 2012

MESMO SENDO DE 2009, VALE A PENA LER - THE ECONOMIST




Brazil takes off
Now the risk for Latin America’s big success story is hubris
Nov 12th 2009 | from the print edition


WHEN, back in 2001, economists at Goldman Sachs bracketed Brazil with Russia, India and China as the economies that would come to dominate the world, there was much sniping about the B in the BRIC acronym. Brazil? A country with a growth rate as skimpy as its swimsuits, prey to any financial crisis that was around, a place of chronic political instability, whose infinite capacity to squander its obvious potential was as legendary as its talent for football and carnivals, did not seem to belong with those emerging titans.

Now that scepticism looks misplaced. China may be leading the world economy out of recession but Brazil is also on a roll. It did not avoid the downturn, but was among the last in and the first out. Its economy is growing again at an annualised rate of 5%. It should pick up more speed over the next few years as big new deep-sea oilfields come on stream, and as Asian countries still hunger for food and minerals from Brazil’s vast and bountiful land. Forecasts vary, but sometime in the decade after 2014—rather sooner than Goldman Sachs envisaged—Brazil is likely to become the world’s fifth-largest economy, overtaking Britain and France. By 2025 São Paulo will be its fifth-wealthiest city, according to PwC, a consultancy.

And, in some ways, Brazil outclasses the other BRICs. Unlike China, it is a democracy. Unlike India, it has no insurgents, no ethnic and religious conflicts nor hostile neighbours. Unlike Russia, it exports more than oil and arms, and treats foreign investors with respect. Under the presidency of Luiz Inácio Lula da Silva, a former trade-union leader born in poverty, its government has moved to reduce the searing inequalities that have long disfigured it. Indeed, when it comes to smart social policy and boosting consumption at home, the developing world has much more to learn from Brazil than from China. In short, Brazil suddenly seems to have made an entrance onto the world stage. Its arrival was symbolically marked last month by the award of the 2016 Olympics to Rio de Janeiro; two years earlier, Brazil will host football’s World Cup.

In fact, Brazil’s emergence has been steady, not sudden. The first steps were taken in the 1990s when, having exhausted all other options, it settled on a sensible set of economic policies. Inflation was tamed, and spendthrift local and federal governments were required by law to rein in their debts. The Central Bank was granted autonomy, charged with keeping inflation low and ensuring that banks eschew the adventurism that has damaged Britain and America. The economy was thrown open to foreign trade and investment, and many state industries were privatised.

All this helped spawn a troupe of new and ambitious Brazilian multinationals (see our special report). Some are formerly state-owned companies that are flourishing as a result of being allowed to operate at arm’s length from the government. That goes for the national oil company, Petrobras, for Vale, a mining giant, and Embraer, an aircraft-maker. Others are private firms, like Gerdau, a steelmaker, or JBS, soon to be the world’s biggest meat producer. Below them stands a new cohort of nimble entrepreneurs, battle-hardened by that bad old past. Foreign investment is pouring in, attracted by a market boosted by falling poverty and a swelling lower-middle class. The country has established some strong political institutions. A free and vigorous press uncovers corruption—though there is plenty of it, and it mostly goes unpunished.

Just as it would be a mistake to underestimate the new Brazil, so it would be to gloss over its weaknesses. Some of these are depressingly familiar. Government spending is growing faster than the economy as a whole, but both private and public sectors still invest too little, planting a question-mark over those rosy growth forecasts. Too much public money is going on the wrong things. The federal government’s payroll has increased by 13% since September 2008. Social-security and pension spending rose by 7% over the same period although the population is relatively young. Despite recent improvements, education and infrastructure still lag behind China’s or South Korea’s (as a big power cut this week reminded Brazilians). In some parts of Brazil, violent crime is still rampant.

National champions and national handicaps

There are new problems on the horizon, just beyond those oil platforms offshore. The real has gained almost 50% against the dollar since early December. That boosts Brazilians’ living standards by making imports cheaper. But it makes life hard for exporters. The government last month imposed a tax on short-term capital inflows. But that is unlikely to stop the currency’s appreciation, especially once the oil starts pumping.

Lula’s instinctive response to this dilemma is industrial policy. The government will require oil-industry supplies—from pipes to ships—to be produced locally. It is bossing Vale into building a big new steelworks. It is true that public policy helped to create Brazil’s industrial base. But privatisation and openness whipped this into shape. Meanwhile, the government is doing nothing to dismantle many of the obstacles to doing business—notably the baroque rules on everything from paying taxes to employing people. Dilma Rousseff, Lula’s candidate in next October’s presidential election, insists that no reform of the archaic labour law is needed (see article).

And perhaps that is the biggest danger facing Brazil: hubris. Lula is right to say that his country deserves respect, just as he deserves much of the adulation he enjoys. But he has also been a lucky president, reaping the rewards of the commodity boom and operating from the solid platform for growth erected by his predecessor, Fernando Henrique Cardoso. Maintaining Brazil’s improved performance in a world suffering harder times means that Lula’s successor will have to tackle some of the problems that he has felt able to ignore. So the outcome of the election may determine the speed with which Brazil advances in the post-Lula era. Nevertheless, the country’s course seems to be set. Its take-off is all the more admirable because it has been achieved through reform and democratic consensus-building. If only China could say the same.

sexta-feira, março 16, 2012

Pery Ribeiro, o amigo do rei



O amigo do rei (Moacyr Luz & Aldir Blanc)

Meus sonhos sei de cor, neles não sou quem sou
Eu durmo na pior e acordo embaixador
E tenho o que não tenho
E sei o que não sei
O verdadeiro amigo do rei
Dou sorte no cassino, depois eu vou
Dançar um tango argentino com meu novo amor
Fugimos rumo a Roma e num vapor
Eu tenho a cabeça louca, louca
Gosto mesmo é de sonhar
E acho a realidade triste e pouca
Meu trabalho é inventar
Há quem viva sem lembrança
Com dinheiro e segurança
Debochando de quem enlouqueceu
Esse não entende nada, dentro da noite fechada
Não é muito mais feliz que eu

Dou sorte no cassino, depois eu vou
Dançar um tango argentino com meu novo amor
Fugimos rumo a Roma e num vapor
Eu tenho a cabeça louca, louca
Gosto mesmo é de sonhar
E acho a realidade triste e pouca
Meu trabalho é inventar
Há quem viva sem lembrança
Com dinheiro e segurança
Debochando de quem enlouqueceu
Esse não entende nada, dentro da noite fechada
Não é muito mais feliz que eu

Brasil perde grande cantor Pery Ribeiro


Morreu, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Pery Ribeiro, filho de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira. Pery estava internado com problemas cardíacos. Na manhã da sexta-feira, 24 de fevereiro, teve um infarto.
Para quem era filho de estrelas da música brasileira, cantar era muito familiar. Aos 20 anos, Pery Ribeiro trabalhava como câmera na antiga TV Tupi quando foi convidado para cantar no programa de Paulo Gracindo. Nunca mais parou.
Era o inicio dos anos 60. O Rio de Janeiro cantava o sol, o mar e o amor de um jeito cheio de bossa. Pery Ribeiro ia se tornar uma das vozes da bossa nova. Ele se orgulhava de ter sido o primeiro a gravar Garota de Ipanema.
“Um grande cantor, destes cantores tão grandes que cantavam de um samba-canção, tango, caipira até a bossa nova”, lembra o produtor musical Ricardo Cravo Albin.
Pery foi também o guardião da memória do país. Em 2006, lançou o livro Minhas Duas Estrelas, sobre a vida e os conflitos de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. O livro serviu como base para a minissérie Dalva e Herivelto.
Nos últimos anos, ele retomou as origens e gravou sucessos do pai.

sexta-feira, março 09, 2012

Caetano, Gil & Ivete - Jan 2012

Pare quem não viu, vale a pena - além dos três, temos algumas lindas canções e bonitos arranjos de orquestra.

quarta-feira, março 07, 2012

Para ONGs, governo Dilma é retrocesso ambiental


“Retrocessos do governo Dilma na agenda socioambiental”
Leia a íntegra do manifesto assinado por entidades ambientalistas com críticas à política ambiental do atual governo


“6 DE MARÇO DE 2012

O primeiro ano do governo da Presidente Dilma Rousseff foi marcado pelo maior retrocesso da agenda socioambiental desde o final da ditadura militar, invertendo uma tendência de aprimoramento da agenda de desenvolvimento sustentável que vinha sendo implementado ao longo de todos os governos desde 1988, cujo ápice foi a queda do ritmo de desmatamento na Amazônia no Governo Lula. Os avanços acumulados nas duas últimas décadas permitiram que o Brasil fosse o primeiro país em desenvolvimento a apresentar metas de redução de emissão de carbono e contribuíram decisivamente para nos colocar numa situação de liderança internacional no plano socioambiental.

Ao contrário do anúncio de que a presidente aprofundará as boas políticas sociais do governo anterior, na área socioambiental, contrariando o processo histórico, há uma completa descontinuidade. A flexibilização da legislação, com a negociação para aprovação de um Código Florestal indigno desse nome e a Regulamentação do Artigo 23 da Constituição Federal, através da Lei Complementar 140, recentemente aprovada, são os casos mais graves. A lista de retrocessos inclui ainda a interrupção dos processos de criação de unidades de conservação desde a posse da atual administração, chegando mesmo à inédita redução de várias dessas áreas de preservação na Amazônia através de Medida Provisória, contrariando a legislação em vigor e os compromissos internacionais assumidos pelo país. É também significativo desse descaso o congelamento dos processos de reconhecimento de terras indígenas e quilombolas ao mesmo tempo em que os órgãos públicos aceleram o licenciamento de obras com claros problemas ambientais e sociais.

Esse processo contrasta com compromissos de campanha assumidos de próprio punho pela presidente em 2010, como o de recusar artigos do Código Florestal que implicassem redução de Áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais e artigos que resultassem em anistia a desmatadores ilegais. Todos esses pontos foram incluídos na proposta que deve ir a votação no Congresso nos próximos dias, com apoio da base do governo.

Os ataques às conquistas socioambientais abrem espaço para outros projetos de alteração na legislação já em discussão no Congresso. São exemplos a Proposta de Emenda Constitucional que visa dificultar a criação de novas Unidades de Conservação e reconhecimento de Terras Indígenas; o projeto de lei que fragiliza a Lei da Mata Atlântica; os inúmeros projetos para diminuição de unidades de conservação já criadas; a proposta de Decreto Legislativo para permitir o plantio de cana de açúcar na Amazônia e no Pantanal e a discussão de mineração em áreas indígenas.

As organizações da sociedade – que apoiam o desenvolvimento não destrutivo e estão preocupadas com a preservação do equilíbrio socioambiental no país – subscrevem este documento, alertando a opinião pública para o fato de que o Brasil vive um retrocesso sem precedentes na área socioambiental, o que inviabiliza a possibilidade do país continuar avançando na direção do desenvolvimento com sustentabilidade e ameaça seriamente a qualidade de vida das populações atuais e futuras.

CÓDIGO FLORESTAL - É o ponto paradigmático desse processo de degradação da agenda socioambiental a iminente votação de uma proposta de novo Código Florestal que desfigura a legislação de proteção às florestas, concede anistia ampla para desmatamentos irregulares cometidos até julho de 2008, instituindo a impunidade que estimulará o aumento do desmatamento, além de reduzir as reservas legais e Áreas de Proteção Permanente em todo o País. A versão em fase final de votação nos próximos dias afronta estudos técnicos de muitos dos melhores cientistas brasileiros, que se manifestam chocados com o desprezo pelos alertas feitos sobre os erros grosseiros e desmandos evidentes das propostas de lei oriundas da Câmara Federal e do Senado.

Em outras oportunidades, durante os oito anos da administração Fernando Henrique Cardoso e nos dois mandatos da administração de Luís Inácio Lula da Silva, houve tentativas de reduzir os mecanismos legais de proteção a florestas e ao meio ambiente. Mas a maior parte delas foram barradas pelo Executivo, devido à forte contestação da sociedade. Hoje o Executivo se mostra inerte e insensível à opinião pública, a começar pelo Ministério do Meio Ambiente que interrompeu a realização das Conferências Nacionais de Meio Ambiente e tem sido conivente e passivo frente ao desmonte da legislação pertinente à sua área de atuação.

Invertendo aquela tradição, a atual administração deixou sua base parlamentar fazer o que bem entendesse, entrando na discussão quando o fato já estava consumado e de forma atabalhoada. Setores do governo interferiram para apoiar, às vezes veladamente, às vezes nem tanto, as propostas que reduzem as florestas, enquanto a tendência mundial, diante das mudanças climáticas, é aumentar a cobertura florestal.

REDUÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - Nesse primeiro ano, o governo Dilma não criou nenhuma unidade de conservação e, numa atitude inédita, enviou ao Congresso a Medida Provisória nº 558 que excluiu 86 mil hectares de sete Unidades de Conservação federais na Amazônia para abrigar canteiros e reservatórios de quatro grandes barragens, nos rios Madeira e Tapajós. Além de não ter havido prévia realização de estudos técnicos e debate público sobre as hidrelétricas do Tapajós, a Constituição Federal estabelece que a alteração e supressão de áreas protegidas só poderia se dar através de lei, o que levou a Procuradoria Geral da República a impetrar Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) junto ao Supremo Tribunal Federal contra o uso de Medida Provisória pela Presidente.

REDUÇÃO DO PODER DE FISCALIZAÇÃO DO IBAMA - O governo federal eleito com a maior bancada de apoio da história do país, que deveria ser capaz de implementar as reformas necessárias para avançar o caminho da democracia, da governança política, da economia ágil e sustentável, vem dando sinais de ser refém dos grupos mais atrasados encastelados no Congresso. O que o levou a aceitar e sancionar sem vetos a citada Lei Complementar 140, que retirou poderes de órgãos federais, tais como o Ibama e o Conama, fragilizando esses órgãos que tiveram importância fundamental na redução do desmatamento da Amazônia e na construção da política ambiental ao longo dos últimos anos.

ATROPELOS NO LICENCIAMENTO - Mais do que omitir-se diante dos ataques à floresta, o governo federal vem atropelando as regras de licenciamento ambiental, que visam organizar a expansão dos projetos de infraestrutura no Brasil. Diferente do tratamento dado ao licenciamento da BR 163 num passado recente, quando o governo construiu junto com a sociedade um Plano de Desenvolvimento Sustentável da região de abrangência da obra, o licenciamento da Hidrelétrica de Belo Monte é marcado pelo desprezo às regras, às condicionantes ambientais e à necessidade de consulta às populações indígenas afetadas. Esse novo “modus operandi” vem tornando-se prática rotineira, o que ameaça a integridade da região amazônica, onde pretende-se instalar mais de 60 grandes hidrelétricas e 170 hidrelétricas menores. O conjunto de grandes e pequenas hidrelétricas provocará não só mais desmatamento associado à migração e especulação de terras como, ao alterar o regime hidrológico dos rios da região, afetará de forma irreversível populações indígenas e comunidades locais.

PARALISIA NA AGENDA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS – Entre 2005 e 2010 o Brasil vinha dando passos decisivos ano após ano para avançar a agenda de enfrentamento das mudanças climáticas no cenário nacional e internacional. Esse esforço culminou, em 2009, com a acertada definição de metas para redução de gases de efeito estufa incorporadas na Lei da Política Nacional de Mudanças Climáticas que pautaram a virada de posição das economias emergentes. A regulamentação da lei em 2010 determinou a construção dos planos setorias para redução de emissões em 2011. Porém o que se viu em 2011 foi uma forte retração da agenda e nenhum dos planos setoriais previstos para serem desenvolvidos no primeiro ano do governo Dilma foram finalizados nem sequer passaram por qualquer tipo de consulta publica.

LENTIDÃO NA MOBILIDADE – A agenda socioambiental caminha vagarosamente mesmo nas áreas apontadas pelo governo como prioritárias — a construção de obras de infraestrutura. O PAC da Copa, lançado em 2009, prevê investimentos de R$ 11,8 bilhões em melhoria da mobilidade urbana, mas só foram efetivados 10% dos. Já é de conhecimento público que os sistemas metroviários não estarão em operação em 2014. No início deste governo foi lançado o PAC da Mobilidade, mas até o presente momento ainda não foram selecionados os projetos e assinados nenhum contrato para desembolso de verba foi assinado.

LENTIDÃO NO SANEAMENTO - Os investimentos em saneamento também andaram mais devagar do que fazia crer a intensa propaganda eleitoral. Com um orçamento inicial de R$ 3,5 bilhões, o governo investiu efetivamente apenas R$ 1,9 bilhão, valor 21% menor que em 2010. A liberação de recursos pela Caixa Econômica Federal também deixou a desejar (R$ 2,3 bilhões até novembro, apenas 25% do contratado). Peça fundamental de uma estratégia de redução da poluição de nossas águas, o saneamento básico no Brasil tem números vergonhosos: apenas 44,5% da população brasileira está conectada a redes de esgotos; e desse esgoto coletado, somente cerca de 38% é tratado (o que significa que mais de 80% do esgoto produzido no Brasil é despejado na natureza).

LENTIDÃO NA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E AUMENTO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO - Não é apenas na criação de unidades de conservação e terras indígenas e quilombolas que a hegemonia dos setores mais retrógrados do país se faz presente. O primeiro ano do governo Dilma foi marcado pelo pior desempenho na área de criação de assentamentos da reforma agrária desde, pelo menos, 1995. O desembolso de recursos com ações para estruturar produtivamente os assentamentos já existentes foi o mais baixo da última década: R$ 65,6 milhões. O processo de titulação de terras indígenas e de quilombos também se arrasta – em 2011, só uma terra de quilombo foi titulada e três terras indígenas homologadas.

Esses retrocessos coincidiram com o aumento da violência no campo. Segundo levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 38 índios foram assassinados nos nove primeiros meses do ano passado, sendo 27 no Mato Grosso do Sul, cenário de tensas disputas por direitos territoriais. Esses números são engrossados por pelo menos oito assassinatos de agricultores familiares e/ou extrativistas em disputas com grileiros de terras, principalmente na região norte.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE INERTE – Diante desses ataques contra a estrutura e competências de sua pasta, o Ministério do Meio Ambiente, de forma inédita, tem acatado com subserviência inaceitável os prejuízos para as atribuições de órgãos, como a fragilização do Conama e a redução dos poderes do Ibama na fiscalização e no licenciamento. Frente as agressões ao bom senso e à ciência contidas na proposta do Código Florestal, a Ministra deu seu beneplácito ao aceitar a alegação de que o texto não continha cláusulas de anistia, quando ele claramente concede perdão amplo, geral e irrestrito para a grande maioria dos desmatadores ilegais.

Diante desses retrocessos apontados, as organizações sociais signatárias apelam para que a Presidente cumpra os compromissos assumidos em campanha e retome a implementação da agenda de sustentabilidade no País. Somente uma ação forte nesse sentido evitará os graves prejuízos para a sociedade brasileira e que o Brasil viva o vexame de ser ao mesmo tempo anfitrião e vilão na Rio + 20, em junho deste ano.

Instituto Socioambiental – ISA
Instituto Democracia e Sustentabilidade - IDS
Fundação SOS Mata Atlântica
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam
Rios Internacionais – Brasil
Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA)
Grupo de Trabalho Amazônica (Rede GTA)
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi)
Associação Alternativa Terrazul
WWF Brasil”

terça-feira, março 06, 2012

Sexualidade e Erotismo na História do Brasil - com Mary del Priore (Parte 1)

Sexualidade e Erotismo na História do Brasil - com Mary del Priore (Parte 2)

As 10 músicas mais tristes de artistas brasileiros

Clique no título acima e veja os clips de cada uma das 10 músicas escolhidas pela revista VEJA.
Claro que podemos escolher outras 10, mas, na minha opinião, a escolhida em primeiro lugar é mesmo uma obra-prima absoluta e uma das mais tristes canções que conheço.